Publicado originalmente em 1984, o livro “O que esperar quando você está esperando” (Editora Record), uma espécie de bíblia das gestantes, prega que a mulher se torna mãe a partir do momento que descobre que está grávida. Já o homem descobre a paternidade quando olha para o seu filho pela primeira vez.
O médico Colin Cooper, autor do livro “O guia do papai” (Editora Novo Conceito), concorda que a responsabilidade do pai deve ser acompanhar o bebê desde o momento do parto. Se este sentimento não apareceu antes, deve aflorar na hora em que o cordão umbilical é cortado. “O bebê agora faz parte do mundo e a mãe não é a única responsável pelo seu bem-estar”, escreve. Segundo o especialista, aceitar a nova responsabilidade com uma atitude positiva e proatividade é um dos primeiros passos para estar sempre presente na criação do filho.
“Em primeiro lugar, é importante ter clareza da função da paternidade na educação dos filhos. Saber a importância do envolvimento, as mudanças nas configurações familiares e conhecer os ajustes nas funções. As obrigações da mãe e do pai precisam ser discutidas”, analisa Quézia Bombonatto, psicopedagoga, terapeuta, fonoaudióloga e presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia.
Mas de que formas práticas o pai pode estar presente na vida do filho?
Veja 9 dicas dos especialistas para aliar responsabilidade e união:
1. ESTEJA JUNTO
Focar na criança o tempo que está em casa é primordial. “O filho é curioso e valorizará todos os seus ensinamentos”, descreve Colin Cooper. Para o médico, uma boa ideia é investir nesta área do relacionamento e levá-lo, por exemplo, para explorar a natureza e aprender sobre plantas e animais em primeira mão.
2. FAÇA PARCERIA COM A MÃE
É importante que pais e mães estejam em harmonia na conduta de criação dos filhos. Segundo a pediatra Maria Cristina Senna Duarte, chefe do CTI Pediátrico do Hospital da Lagoa (RJ), frequentemente o casal passa dupla mensagem no que estão ensinando. O velho “se você fizer isso, vou contar para o seu pai” deixa as crianças em conflito e não as aproxima da figura paterna.
3. VALORIZE AS BRINCADEIRAS FÍSICAS
De acordo com Cooper, descer ao nível do pequeno – sentado ou deitado no chão – proporciona momentos de relax em conjunto. Isso sem contar que as mães geralmente fogem de atividades mais “violentas”. “Tire proveito dessa oportunidade de criação de vínculos com uma boa e velha luta, jogos de bola e pega-pega”, escreve ele.
4. ENCAIXE O(A) SEU(UA) FILHO(A) NA AGENDA COTIDIANA
Levar a criança à escola durante a semana constrói um vínculo único. “Participar da vida acadêmica e saber o que está acontecendo no dia a dia dos filhos é tão importante quanto resolver problemas ou se divertir”, argumenta Quézia Bombonatto.
5. ABRA ESPAÇO PARA ATIVIDADES INTELECTUAIS
Contar histórias ou colorir livros são exercícios silenciosos e que exigem concentração. No “Guia do papai”, o autor afirma que tais atividades podem ser surpreendentemente relaxantes, assim como montar quebra-cabeças. Acima de tudo, as práticas também são úteis no desenvolvimento infantil.
6. REPREENDA COM BOM SENSO
O diálogo é fundamental, assim como os limites. “Bater nunca é aconselhável, nem proibir tudo o que ela deseja fazer. Isso desorienta, angustia e a impede de delimitar espaço. O pai deve impor os limites, com respeito e bom senso”, explica a pediatra Maria Cristina.
7. DIGA “EU TE AMO”
“Este não é um assunto que deixa todos os papais confortáveis, tendo perdido esse sentimento ‘feminino’ no decorrer dos anos”, analisa Cooper em seu livro. O que ajuda é deixar qualquer inibição de lado e mostrar claramente que ama o filho, dizendo e fazendo disso um hábito durante toda a vida.
8. RESERVE MOMENTOS A SÓS
Conversas descontraídas, uma refeição diária em um local tranquilo, escolher uma receita e chamá-lo para ajudar na cozinha ou até mesmo levá-lo para abastecer o carro indicam a participação e a preocupação em estar presente. E os filhos sentem isso.
9. CONFIE
“Não é preciso ser um detetive do seu filho para saber informações sobre ele. Por que simplesmente não perguntamos e acreditamos na resposta?”, questiona o consultor Anderson Cavalcante, autor de “O que realmente importa?” (Editora Gente). Para ele, desenvolver uma relação de confiança constrói a amizade, verdade e respeito. “Não basta ser pai, impor regras, limites e decisões. Os pais devem criar afinidades com o seu filho e, ao mesmo tempo, entender pontos de vista diferentes”, conclui.
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